APONTAMENTOS SOBRE HIPNOSE E A LÓGICA DE MERCADO
DOI:
https://doi.org/10.32813/2179-1120.2022.v15.n1.a906Palavras-chave:
Subjetividade, capitalismo, hipnoseResumo
As modificações no mundo do trabalho, guiadas por princípios capitalistas neoliberais, acarretam mudanças nas subjetividades que tentam, a todo custo, adequar-se às demandas exigidas pelo mercado. A intensa competitividade e busca desenfreada pelo lucro somada aos imperativos de flexibilidade e performance aumentam a necessidade de explorar áreas laborais emergentes como, por exemplo, o campo das práticas terapêuticas. Assim, o presente ensaio, por meio de uma discussão teórica sobre as transformações do trabalho ao longo do tempo e uma breve descrição da história da hipnose, aponta como os princípios da lógica de mercado podem capturar a hipnoterapia, aproveitando-se da sua não regulamentação em território nacional para tentar torná-la um mero negócio lucrativo que privilegia seu lado instrumental e que não parece se preocupar com questões éticas importantes, como a qualidade das formações e a prudência quanto às promessas veiculadas acerca do tratamento. Tais apontamentos servem de reflexão para os interessados na medida em que a lógica cega do mercado e hipnoterapia pode ser um encontro perigoso para seu avanço e consolidação como prática de valor e não apenas de preço.
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