POLÍTICAS EDUCACIONAIS

Autores

  • Elisa Brisola UNITAU

DOI:

https://doi.org/10.32813/2179-1120.2016.v9.n1.a315

Resumo

As reflexões contidas neste número da Revista Humanas da Universidade de Taubaté ensejam tratar da Educação, Interdisciplinaridade, Formação e Sociedade contemporânea.
À primeira vista pode parecer que não existam conexões entre esses temas, mas ao leitor atento, tais conexões estão bem evidentes, visto que, conforme Saviani, “a educação é um fenômeno próprio dos seres humanos” (2013, p. 11) e, portanto, está imbricada a todos os demais fenômenos da vida social.
Na contemporaneidade, a Educação é atravessada por um conjunto de ideologias e diretrizes às quais, de certa maneira, ocultam ou distorcem o seu verdadeiro sentido para a vida humana. Pode-se citar, a título de exemplo, o processo de mercantilização, o qual transforma a Educação em mercadoria subtraindo-lhe o caráter de direito universal.
A Educação como processo libertador/emancipatório é tomada como mero mecanismo de reprodução de uma lógica excludente, à qual perpetua as gritantes desigualdades sociais da sociedade brasileira.
No plano específico, os processos formativos distanciam-se dos valores humanísticos em favor de posicionamentos e de interesses políticos e mercantis desarticulados do interesse público.
Na defesa da Educação como direito universal e potencial emancipatório, a interdisciplinaridade ganha relevo na medida em que aponta para uma nova forma de ler a realidade articuladamente a teorias e práticas. No campo educacional, a interdisciplinaridade não se constitui apenas em questão de método de investigação e nem de técnica didática (FRIGOTTO, 2008), trata-se mesmo de se posicionar frente aos enormes desafios educacionais postos na realidade brasileira visando à transformação social.
Os artigos propostos para este número apontam para essa direção e, por isso, tiveram dois espaços distintos: o primeiro deles reúne um dossiê sobre Políticas Educacionais e o segundo reflete as contribuições de autores que transitam na área da interdisciplinaridade.
O dossiê sobre Políticas Educacionais tem como primeiro texto “Educação integral: gestão e subjetividade”, que busca investigar os sentidos e os significados acerca do Programa Mais Educação produzidos por coordenadoras a partir de suas experiências de gestão.
Segue com Epistemologia e currículo: reflexões e contribuições à educação busca encontrar na Epistemologia da Educação, as contribuições ao campo do Currículo, numa reflexão crítica reflexiva.
Já o texto A escola pública no estado do Rio de Janeiro frente ao currículo mínimo de geografia, também parte do dossiê, trata das propostas para a efetivação de práticas pedagógicas interdisciplinares às quais vêm encontrando resistências nas salas de aula, sejam elas conscientes ou não, com reflexos diretos no trabalho dos professores e na rotina dos estudantes, assim como no processo de ensino-aprendizagem.
O artigo “Formação docente e políticas públicas: uma visão histórica” , o quarto dessa primeira parte da edição, apresenta uma visão histórica sobre a formação docente e as políticas públicas de formação, apontando a possibilidade de compreender que o conceito de formação é suscetível a múltiplas perspectivas e, tem sido recorrente associar o conceito ao desenvolvimento pessoal e profissional, aos saberes adquiridos nos mais variados momentos da vida pessoal ou profissional.
O dossê segue com texto “Formar pesquisadores interdisciplinares”, que reflete sobre as questões da Interdisciplinaridade a partir do desafio encontrado nos últimos 40 anos em formar pesquisadores interdisciplinares.
Já o artigo “Transmissão de saber e reforma disciplinar em escolas em prisões. Memória e construção subjetiva” analisa a transmissão do saber no âmbito das escolas prisionais, destacando a memória social das prisões, como espaço de punição e educação, e o ato de transmissão do saber como possibilidade de coerção ou criação de subjetividade.
Encerrando o dossiê sobre Políticas Educacionais, o artigo “De um ponto de vista: como se aprende ou não gramática na escola” busca demonstrar que a própria escola passa por desafios na compreensão do que é prioritário ensinar e como transmitir aos alunos características da língua portuguesa que venham de encontro a uma escrita perfeita.
As demais contribuições tratam das seguintes reflexões:
“O luto na fase adulta: um estudo sobre a relação apego e perda na Teoria de John Bowlby” busca compreender o processo de luto na fase adulta a partir da relação apego e perda descrita por John Bowlby, e de que maneira os padrões de apego estabelecidos durante a Infância podem influenciar na forma com que o indivíduo lida com as perdas futuras.
“Os planos genéticos do desenvolvimento humano: A contribuição de Vigotski” aborda os planos genéticos como uma matriz de entendimento dos fenômenos que compõem as etapas da evolução humana, que vão caracterizar a gênese dos processos psicológicos no ser humano.
“A soberania entre a renúncia dos direitos ilimitados do contrato Hobbesiano e a “alienação verdadeira” do pacto Rousseauniano” detém-se na transição do estado de natureza para a sociedade civil, o artigo contrapõe o caráter contingente e voluntário do contrato hobbesiano e a necessidade que implica o processo de constituição do social que determina o pacto rousseauniano.
“O levantamento dos stakeholders de uma biblioteca: o case da biblioteca pública estadual da paraíba” tem como foco as bibliotecas, de natureza pública ou privada, abertas gratuitamente ao público e com acervo circulante para empréstimo de livros, e visa levantar os stakeholders básicos de uma biblioteca – incluindo, além dos usuários, aqueles identificados como público interno, membros da comunidade onde se insere a instituição, órgãos governamentais.
Por fim, “The Walking Dead e os Zumbis contemporâneos” resulta de um estudo sobre a série The Walking Dead, seu significado simbólico e a relação deste significado com a sociedade ocidental contemporânea.
Diante da diversidade de temas e reflexões, esperamos que tais contribuições ganhem relevância com esta publicação para que, dessa forma, possamos ajudar a construir práticas mais eficazes que coloquem as diferentes áreas do conhecimento em prol do desenvolvimento humano.

 

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Publicado

2016-07-01

Como Citar

Brisola, E. (2016). POLÍTICAS EDUCACIONAIS. Revista Ciências Humanas, 9(1). https://doi.org/10.32813/2179-1120.2016.v9.n1.a315