As Ciências Sociais e Humanas e a hermenêutica no estudo da ‘portugalidade’
DOI:
https://doi.org/10.32813/2179-1120.2024.v17.n1.a979Palavras-chave:
metodologia; hermenêutica; métodos qualitativos; Ciência Aplicada vs Ciências Sociais e Humanas; ‘portugalidade’Resumo
O desenvolvimento de uma metodologia, no quadro de uma investigação científica, pressupõe um bom conhecimento do campo onde ela é desenvolvida. No caso particular das Ciências Sociais e Humanas (CSH), em que se situa a nossa proposta, não é muito frequente a utilização de uma única metodologia, mas de metodologias compósitas. O que resulta da necessidade que se afigura, em cada momento, ao investigador, face aos problemas que vai enfrentando.
Em problemáticas complexas e datadas – em que o rasto digital é escasso, pelo que é necessário consultar fontes primárias -, a hermenêutica interpretativa revela-se uma boa proposta a seguir. Pressupõe leituras exaustivas e comparações e desenvolvimento de eventuais novas teorias delas resultantes, para alem de convocar outro tipo de interpretações do mundo, com ajuda, por exemplo, da análise de conteúdo e de outras ferramentas.
O pós-colonialismo, apesar de ter as suas debilidades, constituiu um momento para pulverizar categorias anteriormente consideradas canónicas e, por conseguinte, pouco questionáveis. A descolonização do conhecimento permitiu dar passos em frente, apesar de desestabilizar o mundo social. Que, não sendo reificado, não poderá gerar ele-próprio conhecimento reificado, mas dinâmico.
Neste artigo, apresentamos a ‘portugalidade’ como caso prático de uma investigação assente, fundamentalmente, na hermenêutica.
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