QUEM TEM MEDO DA DEMOCRACIA?
O MEDO COMO INSTRUMENTO DE DOMINAÇÃO NO NEOLIBERALISMO DIGITAL
DOI:
https://doi.org/10.32813/2179-1120.2025.v18.n2.a1197Palavras-chave:
Contrato Social, manipulação afetiva, Pós-Verdade, Alienação Política, Dominação DiscursivaResumo
Este artigo analisa a instrumentalização contemporânea do medo como ferramenta de dominação política, articulando uma releitura crítica de Hobbes com as dinâmicas discursivas do neoliberalismo e a proliferação das fake news. Parte-se do pressuposto de que o medo, antes legitimador da autoridade soberana, é hoje reconfigurado como mecanismo de neutralização da ação cidadã e retração da esfera pública. O estudo, de natureza teórico-conceitual, fundamenta-se em autores clássicos e contemporâneos da filosofia política, da crítica ideológica e da teoria da comunicação, buscando compreender como as estruturas discursivas neofascistas e os dispositivos digitais de manipulação informacional produzem subjetividades avessas à participação política. Argumenta-se que o medo, longe de garantir estabilidade, alimenta a ansiedade, a insegurança e o individualismo competitivo, convertendo a democracia em um campo simbólico de ameaças. A partir da crítica à governamentalidade neoliberal, à vigilância algorítmica e à lógica da pós-verdade, evidencia-se a corrosão dos vínculos coletivos e da confiança pública, propondo-se repensar a democracia não como dado institucional, mas como construção contínua de coragem política diante dos mecanismos de silenciamento e alienação.
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Referências
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