Chamada para dossiê "Mudanças climáticas e engajamento digital: tendências, hábitos e dinâmicas nas plataformas digitais"
Editores: Pedro Rodrigues Costa, Edson Capoano e Alice Balbé
Resumo:
As plataformas digitais, especialmente Facebook, Twitter, Instagram e YouTube, são povoadas por discursos de ódio, fake news e dinâmicas de desinformação (Costa, 2020a; Capoano & Costa, 2021; Capoano, Costa, Galhardi & Barros, 2021). No entanto, estas continuam a ser lugares privilegiados de consumo de notícias, sendo o Facebook o mais utilizado no consumo de notícias (Cardoso, Paisana & Pinto-Martinho, 2018).
Embora não seja claro o grau de influência das notícias falsas e da desinformação circulante na formação da “opinião pública”, já que os intelectos contingentes dependem mais das correntes de força associadas ao poder e à dominação político-ideológica do que à dinâmica de partilha e consumo digital (Costa, 2020b; Costa, 2020c; Costa & Capoano, 2021), cresce o medo de que muitos não consigam descartar fontes de informação que simulem o estilo jornalístico para enganar e, assim, acabar contaminando os seus contatos, divulgando conteúdos sem comprovação científica nas plataformas digitais. Este cenário é particularmente problemático na atual era de pós-verdade, em que emoções e crenças partilhadas acabam, por vezes, por atingir maior capacidade de definição de debates públicos do que argumentos racionais, factos ou provas (Costa, 2020c; Costa, Sousa, Capoano & Pimenta, 2020 ).
Nesse sentido, este dossiê temático visa compreender a relação entre sujeitos e conteúdos com o objetivo de criar desinformação: teorias da conspiração, estratégias de negação e fake news. No entanto, o objetivo deste número é focar especificamente a relação entre a questão das mudanças climáticas e as teorias da conspiração, as estratégias de negação e as fake news, bem como seus impactos na opinião pública e nos processos de engajamento – envolvimento, interação, intimidade e influência (Siqueira e Bronsztein, 2015) – de consumidores de informação em redes digitais.
Como exemplo, invocamos uma comparação de acessos de links gerados pelo Google Trends (Capoano. 2020) entre os principais problemas ambientais de 2019. Nesse ano, a ambientalista sueca Greta Thunberg gerou centenas de vezes mais motivos de pesquisa na web do que todos os outros tópicos. Os fundamentos morais associados a essa notoriedade referiam-se a temas como cuidado/dano à natureza e justiça/mentira ambiental (Weber et al, 2018). Ora, estas dinâmicas resultam precisamente de tendências, hábitos e dinâmicas sociotécnicas na utilização das redes digitais, permitindo denotar associações (Latour, 2020).
Este número pretende contribuir para uma revisão sistemática das experiências culturais, políticas e ambientais no ambiente digital, sobre a temática das alterações climáticas. Além disso, pretende-se uma abordagem realista e empírica de experiências, exemplos de como as redes sociais digitais se envolvem com as sociedades sobre a temática do meio ambiente e como a desinformação, premeditada ou não, influencia posicionamentos sobre a questão das mudanças climáticas: será possível identificar influências das Fake news nos níveis de negação climática? Isso deve-se à dinâmica do funcionamento da informação nas redes digitais? Como combater a desinformação sobre questões ambientais? Quais são as principais fontes de desinformação nesse sentido?
Tomando este contexto como inspiração, os editores pretendem acolher todos os artigos que se debruçam sobre o seguinte conjunto de tópicos, não excluindo outros também adequados:
- Redes Digitais e Mudança Climática
- Média Digitais e Mudanças Climáticas
- Jornalismo e Mudanças Climáticas
- Fake News e Mudanças Climáticas
- Desinformação e Mudanças Climáticas
- Desinformação, Mídia Digital e questões ambientais
- Política, Mudança Climática e cultura da negação
- Cultura de negação e mudança climática
- Cultura da negação, Mídias Digitais e Redes Digitais
- Audiências, redes digitais e Mudanças Climáticas
- Objetivos de desenvolvimento sustentável, notícias falsas, cultura de negação e desinformação
Datas importantes em caso afirmativo:
Data limite de submissão: 14 de setembro, 2022 (Prazo extendido)
Processo de revisão: de 01 de setembro de 2022 a 30 de outubro de 2022
Notificação dos autores para decisão: 1º de novembro de 2022
Versões finais dos autores: até 30 de novembro de 2022
Verificações finais dos editores: de 15 de novembro a 15 de dezembro de 2022
Publicação: dezembro de 2022